terça-feira, 18 de setembro de 2007

3.2 - O Santo Casamenteiro


Mas afinal por quê Santo Antônio é tido como “Santo Casamenteiro”? Ao entrevistar o Padre Paulo Henrique Barreto da mesma paróquia, este declara que:

“(...) ele ajudou uma vez um casal, que não tinha o dote pra ele se casar, então ele ajudou essa noiva com o casamento e facilitou o casamento dela. Daí então, se espalhou a notícia de que ele ajudava em casamento, era o casamento dele”.
E no livro “Santo Antônio – vida, milagres, culto”, publicado pela Editora Vozes, o autor, Frei Basílio Röwer, conta nas páginas 137 e 138 que:
“No teto da Capela-Mor da Igreja do Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro existe um quadro a óleo, pintado sobre madeira. Deve ter mais de dois séculos que aí está. Representa este quadro a loja de um prestamista. Está o dono (pelas feições do rosto se vê que lhe corre sangue de judeu nas veias) junto do balcão pesando moedas de prata, colocando-as numa concha, havendo na outra apenas um pedaço de papel. Em frente do balcão está uma donzela, que, em atitude modesta, observa o pesar da prata.
(...) Havia uma jovem pobre, mas virtuosa, a quem faltava o dote para se casar honestamente. Muitas vezes ouvira falar do compadecimento de S. Antônio para com os necessitados e dos milagres que Deus fazia por sua intercessão. Atenderia ele às suas preces se lhe pedisse o dote? Certo dia, lá vai ela ajoelhar-se aos pés da imagem do Santo e pelo amor do Menino Jesus em seus braços pede humildemente o que deseja. Ela foi ouvida e de uma maneira que não esperava.
Estando assim ajoelhada, viu um papel desprender-se da mão do Santo, caindo sobre as suas mãos devotamente postas. Era uma cartinha dirigida ao tal prestamista. Dizia ela: “Fulano, dê à portadora moedas de prata equivalentes em peso a este papel. Ass. S. Antônio”.
A moça nem de leve duvidava que tudo era realidade e, coisa admirável, nem tampouco o prestamista. Pois ela foi à loja, apresentou o papel e o prestamista leu-o como se fosse negócio de todos os dias. Sem inquirir coisa alguma, nem perguntar por garantias, colocou o papel na concha e na outra moedas. Outro milagre: Colocou, tornou a colocar mais moedas; mas o papel era sempre mais pesado, até se completar a quantia necessária para um bom dote. O prestamista entregou à jovem o dinheiro e deixou-a ir em paz. A jovem agradeceu e radiante voltou para casa, não havendo mais nada que obstasse ao casamento”.
Ao ler estas páginas não me restou outra alternativa e ir até a cidade do Rio de Janeiro para conseguir essa imagem que realmente está no alto do altar da igreja. E com a ajuda de Frei Clarêncio Neotti, após a primeira missa da manhã, consegui fotografar essa imagem. E a respeito desse fato Frei Clarêncio me expôs o seguinte:
Nós sabemos que Santo Antônio defendeu muito os interesses e a dignidade do povo de seu tempo, particularmente em seus sermões durante o tempo das pregações que ele fazia nas vilas, catedrais, centros de cidades, nas praças públicas, e ocorreu que o chefe regional da zona paduana, baixou um decreto exigindo que só podia casar a mulher que trouxesse o dote. Dote é uma certa quantia em moedas, ou em ouro, ou em animais, que o pretendente, a pretendente devia levar para os pais do rapaz. Para com isto se excluíam todas as moças pobres, só as ricas que podiam casar, pessoas ricas tinham o dote. Isso fazia uma diferença muito grande, entre rico e pobre, uma discriminação insuportável, no dever, na dignidade de cada pessoa humana. Santo Antônio reagiu muito forte e foi ao chefe regional, o “Duca”, como eles chamavam, foi ao chefe regional e com muita insistência exigiu o cancelamento desse decreto, e conseguiu. Apesar deste homem, ser um homem famosamente violento, e famosamente interesseiro, nas finanças locais ele foi obrigado, forçado a cancelar esse decreto e a partir de então as moças passaram a invocar Santo Antônio para encontrar um bom partido de casamento, isto é um fato que se conta na vida de Santo Antônio.

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