terça-feira, 18 de setembro de 2007

NEOTTI, Clarêncio. Frei (depoimento. 02/fev/2005).


Frei Clarêncio Neotti - Convento de Santo Antônio – (2/fev/2005)
Largo da Carioca – Rio de Janeiro – RJ

Frei Clarêncio me explica um pouco a respeito daquele quadro em que um homem está pesando um papel em troca de moedas de ouro, para aquela jovem que queria se casar.
Olha, todos os milagres de Santo Antônio são problemáticos porque não tem uma documentação histórica. Nós sabemos que Santo Antônio defendeu muito os interesses e a dignidade do povo de seu tempo, particularmente em seus sermões durante o tempo das pregações que ele fazia nas vilas, catedrais, centros de cidades, nas praças públicas, e ocorreu que o chefe regional da zona paduana, baixou um decreto exigindo que só podia casar a mulher que trouxesse o dote. Dote é uma certa quantia em moedas, ou em ouro, ou em animais, que o pretendente, a pretendente devia levar para os pais do rapaz. Para com isto se excluíam todas as moças pobres, só as ricas que podiam casar, pessoas ricas tinham o dote. Isso fazia uma diferença muito grande, entre rico e pobre, uma discriminação insuportável, no dever, na dignidade de cada pessoa humana. Santo Antônio reagiu muito forte e foi ao chefe regional, o “Duca”, como eles chamavam, foi ao chefe regional e com muita insistência exigiu o cancelamento desse decreto, e conseguiu. Apesar deste homem, ser um homem famosamente violento, e famosamente interesseiro, nas finanças locais ele foi obrigado, forçado a cancelar esse decreto e a partir de então as moças passaram a invocar Santo Antônio para encontrar um bom partido de casamento, isto é um fato que se conta na vida de Santo Antônio.

Sobre a imagem que está na frente do Convento.
Essa imagem que hoje o povo chama de Santo Antônio do Relento, na verdade já esteve, presidindo o altar-mor do nosso santuário, e é imagem histórica que acompanhou o Exército brasileiro na derrota aos franceses quando eles invadiram a Baía da Guanabara, e em compensação ele foi feito membro do Exército brasileiro e passou a receber soldo como um herói. Esse soldo foi pago a Santo Antônio até 1911, quando uma portaria do ministro, portaria que nunca foi encontrada apesar de todas as pesquisas, cancelou o soldo dele. Mas é uma imagem histórica nesse sentido e talvez a imagem mais antiga que nós temos no Rio de Janeiro conservada e ainda em veneração.

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