terça-feira, 18 de setembro de 2007

SILVA, Manoel Pereira da. (depoimento. 22/jan/2005).


Manoel Pereira da Silva – 22/jan/2005
Fábrica de Imagens - Atelier Nossa Senhora da Vitória – Codin - Campos

Há quanto tempo o senhor tem essa fábrica aqui?
Uns cinco anos

O senhor estava me dizendo, todas as imagens são feitas de...
Resina

O que mais o senhor poderia me mostrar, sobre a fábrica, contar sobre ela?
Bem, tem que contar o seguinte, no início a gente tinha uma pequena fábrica, fundo de quintal, que era mais gesso, aí não dava pra fazer um trabalho melhor, com bom acabamento, aí nós partimos no meio de resina, que a resina dá um acabamento muito mais firme, muito real. Aí começamos a trabalhar e a fábrica cresceu por causa do acabamento, hoje nós temos no mercado só um concorrente forte, que fica em São Paulo então o acabamento abriu portas pra exportação, por causa do acabamento das imagens. Aí viemos aqui pra Codin que é um espaço maior, começamos essa fábrica aqui. (...) Aqui nós começamos a trabalhar com imagem pequena, depois começamos a aumentar o tamanho das imagens e aí tamos no ponto que tá agora, estamos exportando, tem uma fábrica, pedido saindo (...) e nós temos por volta de 80 itens diferentes de imagem.

Há época propícia? No caso eu estou fazendo um trabalho sobre Santo Antônio, que a festa é em junho, justamente perto dessa época começa a sair mais imagens dele?
Veja bem, aqui nós temos várias imagens e não fizemos ainda uma propaganda sobre a imagem que fabrica aqui, é certo que tem mais pedidos de Santo Antônio mas como estamos no meio de exportação, e não temos uma venda muito grande pro Brasil ainda então as imagens não tem muito pedido pro Brasil caso exatamente por causa da propaganda, e a fábrica aqui como começou a crescer a de exportação, as pessoas não conhecem ainda, nós temos muito Santo Antônio inclusive as imagens estão um pouco paradas, temos no estoque e não sai por causa da propaganda, mas é uma imagem que tem muita devoção e as pessoas que já se descobrem perguntam logo se tem Santo Antônio.

E Santo Amaro?
Santo Amaro, também não fabricamos ainda, que aqui as imagens, como já havia dito, feita em resina, e as imagens que a gente acha por aqui que possa tirar uma forma, fazer o acabamento não é muito bom, por causa disso, precisa ser restaurado e dar um acabamento melhor, e normalmente vai atrás de imagens com boa qualidade, as vezes trás de fora e aqui não tem ainda uma imagem adequada pra tirar fôrma, não tiramos ainda.

O senhor está dizendo que a maioria são pra exportação. Qual delas é a mais pedida?
A mais pedida é a imagem de Fátima, temos um convênio com uma associação nos Estados Unidos eles pedem muito imagem de Fátima (...) nós temos imagem de Fátima de 10 centímetros até um metro e vinte, todas elas saem.

O senhor poderia me contar como que é feita a fabricação delas?
A fabricação da imagem em resina é complicada, porque ela é primeiro tem que tirar uma fôrma em borracha, depois dessa fôrma é fundida em resina, tem um acabamento e a pintura, isso é o básico, mas pra isso precisa ter uma restauração na imagem, faz uma contra-fôrma de gesso, enche o molde, todo um trabalho que até pra falar assim eu me perco, eu tenho que seguir todo um, como se fosse um programa de fabricação.

Pode contar...
Que curioso que, eu tinha uma devoção de falar tanto (...) pessoa perde alguma coisa, reza para Santo Antônio, aí eu perdi um objeto que não me lembro agora e rezei agradecendo, aí antes de perder eu tenho o costume de fazer isso, além de agradecer eu rezo uma coisa maior, varia mais, assim fora a promessa. Aí uma vez um colega meu, ele perdeu um objeto que era uma agulha, uma pequena agulha que ele fez um relógio dele de água. Ele pegou aquela agulha que segurava um ponteirinho que marcava o hidrômetro, e essa agulha ele demorou pra fazer que ela tinha uma medida certa, pra fazer dava uma dor de cabeça. Ele tinha muito cuidado com essa agulha, ele perdeu a agulha falei: “e agora rapaz, vou ter a maior aporrinhação pra achar essa agulha de volta”. Falei: “é Santo Antônio, que você acha”, mas falei bricando até, “mas como? Eu perdi essa agulha” tinha uma plantação de amendoim selvagem na chácara dele, tem as folhas pequenas que fosse pra matar cimorro (?), “caiu ali dentro como é que eu acho?”, falei: “mas aí tá o milagre, vai ali reza e procura”, aí ele levou na brincadeira, “não vou rezar, vou perder meu tempo, não (...) vou achar”, eu fiz de brincadeira com ele. Rezei uma Ave-Maria, abri a folha de amendoim selvagem e achei uma agulha perdida no meio do amendoim selvagem. Ele falou: “ó, nunca mais eu vou brincar com isso de devoção, de achar ou perder qualquer negócio de santo”, que isso pra mim foi milagre, achar isso aí.

Qual a diferença da arte barroca?
Ó, o barroco é uma arte em barro, e marca bem uma época, certo? Normalmente as imagens barrocas tem por volta de 150 a 300 anos e, ela é feita em barro e a pintura normalmente a pintura é enriquecida, ela feita em ouro e com detalhes da pintura que vem sobre o ouro.

Quer dizer a pintura vem em cima do ouro?
Isso, e normalmente são imagens em madeira esculpida em madeira, com estilo próprio da época.

E a outra fôrma?
Bem aí tem imagens modernas, por exemplo, a imagem de Fátima, não é uma imagem barroca, ela é uma imagem que surgiu em 1917, é uma devoção contemporânea, aí normalmente é esculpida em madeira também, mas normalmente ela é feita em gesso, é feita em resina e nunca chega a altura de uma imagem barroca, por ser uma imagem antiga e ser uma devoção da época muito mais, vamos dizer, muito mais acabada.

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