terça-feira, 18 de setembro de 2007

3.10 - Os Oratórios

A fé do ser humano não possui limites, e na dificuldade em encontrar um bom lugar para rezar para o seu santo protetor, o homem criou oratórios, onde ele finalmente colocar a imagem do seu santo em um local adequado e depois em silêncio orar por ele, agradecendo e pedindo graças que foram alcançadas ou que ainda não foram alcançadas. O “Almanaque Santo Antônio”, publicado pela Editora Vozes, em sua página 74, nos conta sobre os diversos tipos de oratórios e suas finalidades como veremos a seguir:

ORATÓRIOS DE VIAGEM
Estes objetos têm como característica o fato de serem itinerantes. Nessa categoria existem: os oratórios da algibeira, assim chamados pelo tamanho diminuto, que possibilita serem transportados no bolso do fiel; os oratórios de esmoler usados pelos mendicantes eram pendurados no pescoço e podiam possuir uma gaveta para guardar o dinheiro arrecadado; os oratórios arca, que eram transportados por padres a localidades distantes, para celebração dos casamentos, batizados, missas fúnebres, etc.; os oratórios bala, assim denominados pelo formato semelhante ao das balas de cartucheira, muito usados por tropeiros; os oratórios alcova, que passavam de mãe para filha, que dos mosteiros de freiras iam para as casas dos fiéis; além do belo oratório pingente, usado como jóia por mulheres brancas, negras ou índias.
ORATÓRIOS POPULARES
Nessa categoria existem oratórios de salão, oratórios de alcova ou de quarto e oratórios ermidas. As chamadas ermidas eram grandes oratórios que cumpriam a função doméstica e pública da Capela, especialmente nas propriedades rurais que, longe das vilas, necessitavam de um local próprio para o cumprimento dos ofícios católicos. A cultura colonial possibilitou ainda a formação de um sincretismo religioso, onde as misturas étnicas enriqueceram a arte do período. Foi o que se verificou através dos oratórios afro-brasileiros, elaborados pela mão negra escravizada. Esses oratórios, toscamente confeccionados, eram bastante ricos em elementos simbólicos. Apareceram ainda oratórios rústicos, de enorme singeleza, também usados pelas camadas mais modestas da população. Qualquer invólucro, por mais simples que fosse, cumpria sua função de morada do santo de devoção.
ORATÓRIOS ERUDITOS E DE REFERÊNCIA ARTÍSTICA
Nos salões de classes mais abastadas, buscava-se ornamentar os oratórios de maneira mais elaborada. Aí a decoração era esmerada e mantinha certos padrões formais, nos motivos, na iconografia, na policromia, etc. Entre os exemplares mais significativos encontra-se algumas preciosidades como um oratório elaborado dentro de um ovo de ema, os oratórios-concha, os oratórios lapinha, grandes e ricas ermidas e oratórios de salão de talha requintada. Alguns oratórios transitam entre o erudito e popular, possuindo ricos detalhes aliados ao formato simples de pequenos armários.

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